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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O amor e o perdão de Deus


     Jesus confirmou a centralidade do primeiro mandamento citando Deuteronômio 6.5 em três passagens dos evangelhos. O amor pelo Senhor foi elevado por Jesus à mais alta posição entre os deveres espirituais impostos pelo próprio Deus. Envolve todo o coração, toda a alma, todo o entendimento e todas as forças. Distinto de muitos outros deveres bíblicos, o amor por Deus – que vai muito além de atos e práticas externas – deve ser o componente principal da espiritualidade. A maior e melhor afirmação que se pode dizer de alguém é que ele amou ao Senhor. [...]
Em certo momento, quando Jesus foi hóspede na casa de um fariseu chamado Simão, o Filho de Deus teve a oportunidade ímpar de ilustrar tanto o que gera amor como o meio pelo qual esse amor se expressa. Durante um jantar, uma “pecadora” trouxe um frasco de alabastro com perfume. Molhou os pés de Jesus com suas lágrimas, para em seguida enxugá-los com seus cabelos, beijá-los e ungi-los com perfume (Lucas 7. 37-38).  As objeções de Simão incitaram uma resposta inesperada. Jesus contou a história de dois homens em débito: o primeiro, com uma dívida dez vezes maior que o outro. Sem nada com que pagar o credor, ambos tiveram suas dívidas perdoadas.
    Depois deste breve relato, Jesus argüiu o fariseu sobre qual dos dois homens seria capaz de amar mais o credor que tinham em comum. “Suponho que será aquele a quem foi perdoada a dívida maior”, foi a resposta. Depois de contrastar como Simão o tratou e como a “pecadora” agiu, Jesus declarou que “os muitos pecados dela lhe foram perdoados: pois ela amou muito. Mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco ama” (Lucas 7.47 NVI). [...]

O autoexame da vida daqueles que pecam confirma que, uma vez perdoados, amam mais a Deus. A certeza da gravidade de seus pecados é proporcional à força com a qual se apegam ao Senhor da misericórdia. Certamente, são os que mais apreciam o perdão recebido. Em seus delitos, eles enxergam e identificam crimes cometidos contra o próprio Deus. O que importa para aumentar o amor é a intensidade da convicção do pecado que Deus apaga com sua maravilhosa graça. [...]
Imagino que a mulher pecadora teve um contato prévio com Jesus, o que levou à transformação de seus muitos pecados (na dimensão da mente) de simples erros deslizes morais em terríveis insultos, blasfêmias e rebeldia contra Deus. Daí as lágrimas, os beijos e o derramamento do perfume, expressando a emoção do arrependimento que sentia. Trata-se do amor genuíno que parte o coração do pecador culpado. Disse John Piper: “Ninguém chora pela falta de santidade se não tiver amor por aquilo que não tem”.
     [...] Com extrema facilidade as pessoas derramam lágrimas por perdas financeiras, por uma boa reputação maculada, pelo falecimento de entes queridos. Entretanto, quem chora pelo câncer do pecado contra o único e absolutamente santo e amoroso Deus?

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